- Cidade está colorida por diversas espécies e árvores
chamam a atenção em diversos pontos da cidade
Marcello Medeiros ( Egresso e amigo do Curso de Ciências Biológicas)
No início de março do ano
passado, O DIÁRIO mostrou a bonita floração amarela em diversas árvores da
cidade, com destaque para muricis e fedegosos... Agora, na mesma época, os mais
atentos estão admirando flores em outras cores, a maioria em tons de rosa. As
que têm chamado mais atenção são quaresmeiras e paineiras, sem esquecer-se de
uma de origem africana que fica florida quase todo o ano e na cidade aparece em
duas cores, a espatódea. Ela pode ser
vista em abóbora e, raríssimo caso, em amarelo. Nesta sexta-feira, percorremos
algumas ruas com a Bióloga Hayssa Dumard, que falou um pouco sobre algumas
espécies e destacou também a importância das árvores, principalmente na região
central do município – onde a presença delas é muito mais relevante que a
estética. “Além de fornecer oxigênio para a nossa sobrevivência, elas retém o
CO2, trazem sombreamento, servem de abrigo para os animais, trazem alimentos
para os animais, são base de medicamentos e também alimentos para os seres
humanos, ou seja, têm uma importância muito grande na nossa saúde. Além disso,
podemos dizer têm o poder de acalmar, de tranquilizar... Ambientes com árvores
trazem um grande bem estar para a população”, enfatiza.
E pensar que, cerca de cinco anos
atrás, quando foi lançado um projeto de revitalização do canteiro central,
políticos sem a mínima consciência ambiental e compromisso com a verdadeira
identidade de Teresópolis, uma cidade cercada por verde e que tem o título de
Capital Nacional do Montanhismo, pensaram em retirar as grandes árvores que
cresceram ao longo das avenidas Lúcio Meira e Feliciano Sodré... Felizmente, a
ideia, assim como tantas outras de cunho tão absurdo quanto, não saiu do papel.
Fora os benefícios já citados pela Bióloga, destaca-se a importância dessas
grandes árvores na divisão das avenidas e nas praças como “trampolins
ecológicos”. Mesmo cercada por três unidades de conservação ambiental – Parque
Nacional da Serra dos Órgãos, Parque Estadual dos Três Picos e Parque Natural
Municipal Montanhas de Teresópolis, a cidade precisa desses pequenos espaços
naturais para favorecer o desenvolvimento da fauna e da própria flora. Aves,
por exemplo, vão de galho em galho, literalmente, buscando alimento.
Bom, voltando às cores e flores
que estão encantando tanta gente, estivemos primeiro na Praça da Matriz de
Santa Teresa. Nos dois lados da principal igreja da cidade, estão em evidência
as quaresmeiras, em duas cores. “Essa árvore é nativa do Brasil, encontrada em
toda a Serra dos Órgãos e se apresenta nas cores rosa a roxo. O nome científico
dela é Tibouchina granulosa e floresce nessa época de Quaresma. Daí vem justamente
seu nome popular”, explica Hayssa.
Na Praça da Matriz também estão
floridas as grandes espatódeas, em tons de abóbora. Mas, para falar delas,
andamos um pouco mais. Na Rua Waldir Barbosa Moreira, antiga Primeiro de Maio,
próximo ao terminal rodoviário, estão três delas. E o que chama mais atenção é
que a do meio é amarela, uma situação raríssima de se encontrar não só em
Teresópolis. “A espatódea é uma árvore de origem africana, ou seja, é exótica,
mas se adaptou muito bem nas regiões tropicais. Aqui podemos observar duas
colorações diferentes, a abóbora e a amarela, sendo que a segunda é bem mais
difícil. Um ponto negativo é que essa árvore tem flores que têm néctar tóxico
para nossas abelhas, podendo assim prejudicar essa fauna. Daí, o perigo de cultivar
plantas exóticas, mesmo que belas”, atenta Dumard.
De nome científico Spathodea
campanulata, popularmente ela também é conhecida por outras denominações, como
tulipa-africana, tulipeira do gabão, chama-da-floresta e xixi-de-macaco (uma
alusão aos seus botões florais que são cheios de um líquido que espirra quando
são pressionados). O cantor Nando Reis tem uma música sobre ela, onde canta:
“Minha cor / Minha flor / Minha cara / Quarta estrela / Letras, três / Uma
estrada // Espatódea / Gineceu / Cor de pólen / Sol do dia / Nuvem branca/ Sem
sardas”.
Outra grande e florida árvore que
não poderíamos deixar de mostrar é a paineira, com destaque para um exemplar
localizado exatamente na entrada do bairro que recebeu tal nome, no cruzamento
da rua de mesma denominação com Avenida Presidente Roosevelt. Suas grandes
flores em rosa e branco compõem um lindo contraste com o céu azul, assim como
as painas que virão algumas semanas depois, oriundas dos seus frutos. “Essa
árvore é conhecida popularmente como Paineira e seu nome científico é Ceiba
speciosa. É uma árvore nativa do Brasil e aqui nesse bairro é muito mais
especial porque é ele leva seu nome. Essa árvore é muito importante para a
fauna local, pois depois dessa floração vem o fruto que serve de alimento para
as Maritacas que são muito comuns em Teresópolis”, lembra Hayssa.
O lindo e importante canteiro
central
Quando tal projeto de modificação
no canteiro entre as duas principais avenidas do município começou a ser
debatido, com a ideia de se derrubar grandes árvores, O DIÁRIO entrevistou os
Biólogos Carlos Alfredo Franco Cardoso, o Alfredinho, e Renan Loureiro. Na
ocasião, enfatizaram a grande importância do corredor verde, sinalizando que
temos que pensar em progresso sim, mas também do futuro das nossas gerações. As
árvores contribuem para melhorar a qualidade do ar, reduzir a propagação do
som, e diminuem, em cerca de 10%, o nível de material particulado liberado pela
poluição. “Nossa cidade é privilegiada por ter um canteiro central assim, que
além de contribuir para melhorar diversos aspectos é um atrativo turístico.
Quando a pessoa busca Teresópolis, ela quer ter um contato direto com a
natureza e aqui consegue isso até na área urbana”, lembra Renan, que é
Professor do Centro Universitário Serra dos Órgãos.
Ao longo dos aproximadamente
cinco quilômetros das avenidas existem diversas espécies de árvores, desde
pequenas leguminosas até os frondosos flamboyants, sem esquecer os
brasileiríssimos Ipês amarelos. Porém, a grande maioria delas não é
característica da região. Carlos Alfredo Franco, Biólogo, Professor e
Coordenador do Curso de Ciências Biológicas do UNIFESO destaca ainda a
importância desse corredor ecológico em plena área urbana para os estudantes do
município. “As escolas poderiam organizar trabalhos de campo e ajudar a
identificar todas essas árvores. Seria uma grande experiência para estudantes
de todos os níveis”, lembra "Alfredinho", que também tem nas dezenas
de árvores que deixam verde as principais avenidas do município um refúgio para
aliviar o stress. “Quando a pessoa está nesse trânsito cada vez mais confuso de
Teresópolis, nada melhor do que contemplar essa beleza”.
Uma das bonitas espatódeas da Praça da Matriz. Árvore tem origem africana e seu néctar pode prejudicar fauna nativaNa\ entrada de Paineiras... Uma paineira! E, mais do que dar o nome ao lugar, árvore tem grande importância para a fauna. Seus frutos, que estarão presentes em breve, servem de alimento para maritacas