A extinção dos megamamíferos no final do Pleistoceno é tema de grandes debates. Dois terços das espécies de grandes vertebrados da Terra (a chamada megafauna) foram extintas em uma sequência que começou na Austrália, há 50 mil anos. Uma característica notável é sua falta de correlação com as flutuações climáticas: houve 51 ciclos glaciais no período e somente durante o último, que não foi o mais intenso, ocorreram as extinções. Então, qual a explicação para isto?
Foi o que Fernando Fernandez tentou elucidar na palestra “O curioso incidente do cachorro à meia-noite”, durante o IV Congresso Acadêmico-Científico do Unifeso (IV Confeso), no dia 29 de agosto. Convidado do curso de Ciências Biológicas, Fernando é mestre em Ecologia pela Universidade Estadual de Campinas e PhD em Ecologia pela Universidade de Durham (Inglaterra). Atualmente é professor titular do Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ) e tem 188 trabalhos publicados.
“Um dos acontecimentos que eu pesquiso são as extinções do final do Quaternário, que seriam as extinções dos bichos que aparecem no filme A Era do Gelo, como o mamute, o mastodonte, a preguiça gigante e o gliptodonte. Nos últimos anos tem ficado cada vez mais claro que não foram as mudanças climáticas que extinguiram essas espécies, mas a expansão dos humanos pelo planeta”, destacou Fernando.
Segundo o palestrante, as extinções aconteceram porque estes bichos eram demograficamente muito frágeis, com populações pequenas e se reproduziam pouco. Fernando contou que os homens usavam esses animais, fundamentalmente, para comer, porém, algumas extinções podem ter sido causadas por destruição de habitat, afinal, o homem usa o fogo há muito tempo. “Duvido muito que os humanos tenham extinto o tigre-dentes-de-sabre caçando, a extinção aconteceu porque os humanos caçaram todas as presas do tigre”, afirmou.
Fernando lembrou que alguns ainda relutam a aceitar que o homem causou essas extinções, pois ainda há noções ultrapassadas do ‘bom selvagem’ e de que os sistemas naturais são resistentes a nós. “Perceber que causamos as extinções abre um imenso campo de pesquisa sobre as causas e consequências dessas ações e nos faz aprender lições fundamentais para o futuro”, disse.